quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O Sol acordou?


(Cássio Leandro Dal Ri Barbosa - G1) O Sol possui um ciclo de atividade magnética observado sistematicamente há pelo menos 400 anos. Essa atividade pode ser acompanhada pela contagem de manchas solares, que têm origem no afloramento do campo magnético de tempos em tempos. Esse ciclo tem um período médio de aproximadamente 11 anos, com um máximo pronunciado em que se observa muitas manchas, tempestades e explosões solares. Passados aí uns 5 ou 6 anos, a situação se inverte e o Sol passa por um período de baixa atividade, refletindo em um pequeno número de manchas, bem como tempestades e explosões solares. Passado o período de mínimo, a atividade magnética do Sol começa a se intensificar até que ele chegue novamente a outro máximo, e o ciclo se repete já há milhões de anos.

A contagem do número de manchas tem por volta de 400 anos, mas como a atividade solar influencia o clima na Terra, é possível detectar o ciclo de 11 anos em anéis de crescimento de árvores petrificadas. Esse método permite retornar na história e o que se verifica é que o Sol tem tido esse comportamento bem marcado, variando um pouco, mas sempre em torno de 11 anos. O que se tem observado nesses 400 e tantos anos de observação de manchas é que, apesar de ser bem constante, o total de manchas durante um máximo, ou o tempo que o Sol permanece em um máximo ou mínimo, varia bastante.

Por exemplo: durante 70 anos, entre 1645 e 1715, a atividade solar foi irrisória, pouquíssimas manchas foram registradas e essa época hoje é conhecida como mínimo de Maunder. Coincidência ou não, nessa época foram registradas baixas temperaturas na Europa, um período chamado de “Pequena Era do Gelo”. Mais adiante, entre 1790 e 1830, o Sol passou por outro período de baixas contagens de manchas, mesmo quando estava em seus momentos de máxima atividade. De novo, o que se verificou foram temperaturas abaixo da média.

Atualmente, o Sol está no seu período de máximo, mas esse tem sido um dos menos intensos dos últimos 100 anos. Aliás, o período de mínimo que antecedeu esse ciclo, o de número 24, foi um dos mais profundos de que se tem notícia. Por mais de 800 dias não houve registro de uma mancha sequer! Até mesmo por isso, o início do atual ciclo foi difícil de se detectar. E o que se tem observado é que o Sol tem furado até a mais pessimista das previsões.

Por esses dias, houve o registro de pelo menos 3 explosões solares de alta intensidade, e nos próximos dias existem grandes chances de haver outra de média intensidade. Só que algo não vai bem no Sol. Em setembro foram observadas 35 manchas, mas o numero esperado estava entre 95 e 100, quase o triplo! Com uma atividade tão baixa, está muito difícil de afirmar quando foi o máximo do atual ciclo, que era esperado para maio deste ano. Só que olhando os gráficos de manchas que são divulgados a cada mês, o máximo teria acontecido ainda em 2011, o que encurtaria demais o ciclo 24.

Alguns amigos meus que pesquisam a atividade solar estavam me explicando que tudo indica que o Sol esteja atravessando um período análogo ao mínimo de Dalton. Isso explicaria a constante redução do número de manchas nos períodos de máxima atividade. Os números de outubro estão sendo tabulados e dentro de uma semana eles devem ser divulgados, vamos ver se muda alguma coisa.

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E mais:
Fulguração solar provoca fenómeno raro na magnetosfera terrestre (AstroPT)
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Fraqueza do sol intriga cientistas (The Wall Street Journal)

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