quinta-feira, 13 de junho de 2013

O Sol inesperadamente calmo


(Física na Veia) Em 1843 o astrônomo alemão Samuel H. Schwabe (1789-1875) descobriu que a quantidade de manchas solares oscila com certa regularidade, aumentando e diminuindo num ciclo de 11 anos.

Manchas solares são regiões irregulares que aparecem na superfície do Sol (fotosfera). Elas são escuras porque são mais frias1 ou, se preferir, menos quentes do que a vizinhança que tem temperatura próxima de 6000 K. Sendo menos quentes, são menos menos brilhantes e, por contraste com a superfície mais brilhante do sol, parecem ser escuras.

Sabemos que quanto mais manchas há no Sol, mais ativo ele está. 2013 é um esperado ano de pico de atividades solares no ciclo de 11 anos. Logo, o número médio de manchas solares e regiões ativas observados diariamente ao longo do ano deve ser alto. Mas podemos ter períodos curtos com poucas macnhas e até mesmo sem manchas solares. O fenômeno é caótico.

Hoje, por exemplo, o Sol está extremamente calmo. A imagem da nossa estrela que ilustra o post (lá no topo), feita pelo SDO - Solar Dynamics Observatory, mostra o disco solar com apenas 14 manchas. E este número está decrescendo.

A chance de explosões solares de intensidade significativa está bem baixa, próxima de 1%. Mas há poucos dias o Sol estava bastante ativo, repleto de manchas. Em 11 de abril publiquei post sobre um flare solar considerado de intensidade média. Noutro post, em 20 de abril, chamei a atenção para duas enormes regiões ativas na superfície do Sol. Na metade do mês passado a região ativa AR 1748, em menos de 48 h, foi sede de três flares solares intensos, de classe X.

Mas esperamos, para os próximos dias, o aparecimento de novas manchas solares, ratificando o pico de atividades solares para 2013. Há cinco anos e meio2, em 2008, num período de baixíssima atividade solar, tivemos 200 dias no ano sem manchas solares, ou seja, com o disco solar abolutamente limpo. Em 1954, noutro período de baixa de atividades solares, foi registrado um recorde de 241 dias no ano com o disco solar isento de manchas. Leia artigo (em inglês) no site da NASA abordando o assunto em detalhes (e com foto do disco solar completamente "limpo"). Em 2012 não tivemos nenhum dia sem mancha solar. Em 2013, até agora, também não.

Vamos continuar observando o Sol através de inúmeros observatórios dedicados a esta instigante tarefa, como o SDO da NASA. Na fanpage do Física na Veia! no Facebook, atualizada diariamente, sempre publico fotos e vídeos de explosões solares, além de indicar os posts daqui do blog. Fique ligado!

1) Nas manchas solares o campo magnético local é intenso, bastante concentrado, funcionando como um "tampão", impedindo que o calor das partes mais internas suba por convecção para a superfície.

2) Se o ciclo solar completo tem 11 anos, metade do ciclo corresponde a 11 / 2 = 5,5, anos. Se em 2013 estamo num pico de atividade solar, em 2008 nossa esterla estava com baixíssima atividade.

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Para conferir (on line) o número de manchas solares



O Sunspot Plotter é um aplicativo que permite consultar o número médio de manchas solares num período de 11 anos, exatamente o período do ciclo de atividades solares. Você escolhe um ano base e o aplicativo plota um gráfico do número de manchas solares para + 5,5 anos e - 5,5 anos a partir da data escolhida. Os dados foram tabulaados pelo Solar Influences Data Center na Bélgica.

A imagem abaixo, por exemplo, mostra o gráfico em torno da data base de 12 de junho de 2002, há 11 anos, evidenciando um pico de manchas solares e, portanto, um pico nas atividades do Sol.
Experimente!

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